O Hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, foi palco nos dias 8 e 9 de novembro do 3º Seminário de Investimentos, Riscos e Compliance, promovido pela Fundação Libertas. O evento que tem se consagrado na agenda das entidades de previdência complementar e de outras organizações de Minas Gerais e outros Estados, reuniu mais de 300 participantes em meio a debates abrangentes, que abordaram temas como a agenda ESG nas organizações, cenário nacional e internacional de investimentos, longevidade e cultura de compliance em diferentes meios como saúde e futebol.
Na avaliação do Diretor-presidente da Fundação Libertas, Lucas Nóbrega, o Seminário não apenas abordou as nuances do mercado financeiro, mas também serviu como um fórum de discussão enriquecedor para profissionais e entusiastas que buscam compreender e antecipar as mudanças nos cenários global e local. “O evento reforçou a importância de estratégias inteligentes, cautela diante das incertezas e a incorporação cada vez maior de práticas sustentáveis no universo dos investimentos”, disse.
Relembre os temas dos painéis e algumas falas dos painelistas
O primeiro painel, “Desafios e estratégias para estabilidade nas finanças públicas” contou com a moderação de Edmilson Gama Diretor Executivo e CFO do BDMG e participação de Joaquim Levy, Bruno Funchal e Tiago Berriel.
“O mais importante na questão fiscal é garantir que os gastos públicos sejam de qualidade. É preciso ter disciplina para enfrentar os desafios fiscais, sem deixar de dialogar com a sociedade. Para isso é necessário crescer pelo menos 2,5% ao ano. Vamos fazer isso pelo setor privado e temos que criar condições para que consiga ser eficiente”. Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e Diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Safra.
“É imprescindível ter estabilidade nas finanças públicas e crescimento. Temos avançado em pontos importantes, como o novo arcabouço fiscal e a aprovação da reforma tributária. Um modelo tributário mais simples trará um ganho de produtividade muito grande e, assim, acaba refletindo na questão fiscal”. Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset.
“Para mim não é certo que o governo conseguirá aumentar a arrecadação e não há disposição para fazer contingenciamentos. Assim, corremos o risco de ficar sem uma âncora fiscal. É preciso questionar o quão sólido são os pilares do arcabouço fiscal – a regra de gastos e meta de crescimento primário”. Tiago Berriel, Sócio e Economista-chefe do BTG Pactual.
O painel Oportunidades Globais no Mercado de Investimentos foi moderado pela Gerente de Investimentos da Fundação Libertas, Nayara Queiroz e contou com a participação de Daniel Popovich, Luiz Fernando Pedrinha e Victor Arakaki.
“Os fundos de pensão brasileiros passaram a demandar produtos mais sofisticados de alocação no exterior, deixando para trás aquele primeiro momento em que preferiam fundos de investimento global para acessar estratégias específicas, como as de infraestrutura, tecnologia, small caps nos EUA e outras”. Daniel Popovich, Portfólio Manager da Franklin Templeton.
“A incerteza fiscal no Brasil e a volatilidade nos mercados mundiais ressaltam a relevância da diversificação dos investimentos, abrindo caminho para que a renda fixa global possa tomar um espaço maior na porção de ativos internacionais das carteiras brasileiras”. Luiz Fernando Pedrinha, Head of Institucional Sales da Schroders Brasil.
“Investidores institucionais estão ampliando sua alocação no exterior. Nos últimos cinco anos, houve uma migração de ativos de renda fixa para renda variável no Brasil, mas a internacionalização é uma tendência ainda mais profunda”. Victor Arakaki, Diretor Executivo da Morgan Stanley.
O terceiro painel do dia: “Integridade e Ética no Futebol” contou com a moderação de Lincoln Farias, Diretor Administrativo e Financeiro da Codemge e a participação de Dower Araujo, Fernando Monfardini e Tiago Fantini.
“Hoje estamos em transição, saindo de uma coisa solta para a normatização e o Compliance”. Dower Araujo, CEO do América Futebol Clube.
“Mudar uma cultura centenária não é fácil e o arcabouço regulatório do futebol é quase inexistente. Temos aprendido no Galo que o futebol pode ser uma ferramenta de mudança social muito importante e é nessa linha que temos trabalhado”. Fernando Monfardini, Gerente de Compliance do Clube Atlético Mineiro.
“A governança entrou no futebol a fórceps. É preciso ter instrumentos pessoais para manter a integridade em um ambiente de pouca integridade”. Tiago Fantini, Conselheiro de Administração do Cruzeiro Esporte Clube.
Em um momento de convite à reflexão, Ludmila Benevides, Coordenadora de Comunicação e Eventos da Libertas, apresentou a prévia do lançamento da campanha institucional da Fundação: “#PelaBoaLongevidade”, com a apresentação de um vídeo manifesto. Na sequência, Natalia Dornellas publicitária, jornalista, especialista em longevidade e fundadora do Conversa de Vó, conduziu uma leve apresentação sobre centenários reais e a beleza da velhice.
Ainda no dia 8, o painel “Compromisso com a Integridade: Gestão de Compliance no Setor de Saúde” teve moderação de Anderson Ferreira, Diretor-presidente da CEMIG Saúde e a participação de Isabella Borges, Mariana Duarte e Shirley Berti.
“O compliance no setor da saúde é imprescindível para garantir a conformidade, e também a qualidade dos cuidados prestados, visando promover a proteção dos pacientes, a integridade institucional e a sustentabilidade do negócio em um ambiente altamente regulamentado”. Isabella Borges, Gerente da área de Governança, Risco e Compliance da Abertta Saúde.
“Promover discussões sobre o tema é fundamental para o fortalecimento da cultura de integridade”. Mariana Duarte, Gerente de Governança, Riscos e Compliance da Unimed-BH.
“Pessoas diferentes precisam de métodos diferentes. A responsabilidade de fazermos o compliance chegar aos diversos públicos é nossa e temos que nos fazer entender, saber comunicar”. Shirley Berti, Administradora da Biovisão.
Encerrando as atividades do primeiro dia, o painel “A Percepção de Riscos na Gestão de Portfólio” foi moderado por Jordanno Santos, Diretor Executivo da I9 Advisory e contou com a participação de Emílio Luiz Cáfaro, Rodrigo Barata, Ricardo Esch e Victor Hohl
“Em março de 2019, os participantes ligavam para nós desesperados. Tínhamos a queda da bolsa, inflação alta, Selic alta, cobrança do participante a curto prazo. Aprendemos que momentos de volatilidade geram oportunidades”. Emílio Luiz Cáfaro, Diretor de Investimentos e Controle da Forluz.
“Risco para qualquer montagem de portifólio é o primeiro pilar. Para fazer um bom portfólio temos que comprar ativos descorrelacionados. Além disso, é preciso conhecer a massa de participantes e quem melhor conhece são os gestores”. Rodrigo Barata, Diretor de Investimentos, Controladoria e AETQ da Fundação Libertas.
“Nos últimos anos ocorreu uma “CDização” do mercado. É muito importante mostrar para o participante que não é possível comparar o investimento de previdência com o investimento individual”. Ricardo Esch, Diretor de Investimentos da Previsc.
“Comunicação é o desafio de todos nós. Não é foco do participante entender o mercado no detalhe. Temos que mostrar que podem confiar em nós como gestores e que as mudanças afetam o mercado como um todo, não só a previdência”. Victor Hohl, Diretor de Investimentos do Sebrae Previdência.
Iniciando as atividades do dia 9, o painel “Diversificação Inteligente: Estratégias para Asset Allocation” foi moderado por Édner Bitencourt Castilho, Gerente Executivo de Governança, Riscos e Compliance da Vivest e composto por Thiago Mateus, Guilherme Anversa e Fernando Lovisotto.
“O cenário internacional ficou muito mais apertado, enquanto no Brasil estamos realizando o dever de casa de maneira mais eficiente. Em função das incertezas globais é necessário ter abordagens estratégicas”. Thiago Mateus, Head de Investment Solutions do Itaú Asset.
“A grande preocupação é a situação econômica dos Estados Unidos, com previsão de aumento nas taxas de juros. Embora o Brasil possa se beneficiar desse cenário, é crucial adotar uma postura cautelosa diante das possíveis repercussões”. Guilherme Anversa, Gestor de Portfólios Institucionais na XP Advisory.
“Só conseguiremos fazer diversificação inteligente quando tivermos regulação inteligente. Isso é fundamental para avançarmos”. Fernando Lovisotto, Sócio e CIO da Vinci Partners.
Dando sequência aos painéis, tivemos o tema: “Tendências para Investidores no Cenário Global e Nacional”, quecontou com a moderação deGuilherme Benites, Partner da Aditus Consultoria Financeira e a participação de Luiz Eduardo Portella, Natalie Victal e Rafaela Vitória.
“O trabalho do BC tem se mostrado efetivo na redução da inflação e transmitido uma mensagem institucional adequada. A composição do Comitê de Política também sofrerá alteração. No futuro, poderá haver pressão para redução dos juros, mas a situação atual é positiva e não há riscos iminentes”. Luiz Eduardo Portella, Sócio Fundador e Portfolio Manager da Novus Capital.
“Apesar dos riscos, o Brasil ainda vive um momento de desaceleração dos preços. De modo geral atividade e inflação devem rodar parecidos, com desaceleração”. Natalie Victal, Economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
“As guerras e o impacto dos conflitos na economia continuam no radar do mundo econômico. A guerra é inflacionária. Temos conflitos que podem prejudicar a oferta de petróleo, principalmente que aumentem a versão de risco de maneira geral. E o preço do petróleo influencia muito a inflação global. E a gente sabe que uma alta de petróleo, de gasolina, contamina”. Rafaela Vitória, Diretora da Área de Pesquisas Econômicas do Inter.
Dando início as apresentações da tarde, opainel “O Papel Estratégico da Agenda ESG nas Organizações” foi moderado por Marcelo Otávio Wagner, Sócio-fundador da Mow Capital Assessoria e Treinamento e composto por Cleyson Jacomini, Daphne Breyer e Luzia Hirata.
“Há grande interseção entre ESG e gestão de riscos”. Cleyson Jacomini, Diretor de Relacionamento com o Cliente e Regulação da Copasa.
“O investimento sustentável busca retornos, não sendo apenas uma forma de abraçar árvores”. Daphne Breyer, Head ESG da BB Asset Management.
“Há conexão entre produtos previdenciários e ESG, já que investimentos de longo prazo estão intrinsecamente ligados à sustentabilidade”. Luzia Hirata, Head ESG do Santander Asset.
O painel: “O Impacto das Mudanças Regulatórias (ICVM 175/RES 23)” teve moderação de Luciano Magalhães, Sócio-diretor Comercial, Produtos e Relacionamento da 4UM Investimentos e a participação de Ricardo Mizukawa e Cesar Augusto de Aguiar Filho.
“A 175 é uma mudança estrutural que entrou em vigor em 1º de outubro de forma faseada, sendo a segunda fase em abril de 2024 até dezembro de 2024”. Ricardo Mizukawa, Superintendente Executivo de Risco da Bradesco Asset.
“A Resolução Previc 23 tem relação próxima com o que a 175 fez, pois condensa várias normas”. Cesar Augusto de Aguiar Filho, Sócio Coordenador da Área de Mercado de Capitais e Financeiro, da JCM Advogados.
O painel “A Disseminação da Cultura de Compliance” foi moderado por José Edson da Cunha Júnior, Consultor Sócio da JCM Advogados e composto por Aline Azevedo, Fabrício Oliveira e Leonardo Frizeiro.
“Cultura organizacional tem a ver com o que é valorizado ou ao menos tolerado numa empresa. Cabe aos líderes decidirem se querem influenciá-la ou não”. Aline Azevedo, Gerente de Compliance e Ouvidoria da FIEMG.
“O meio influencia as pessoas e que para que o Compliance funcione de fato é importante ter canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e mecanismos destinados ao trabalho das denúncias e à proteção de denunciantes de boa fé. Não podemos nos esquecer das medidas disciplinares e dos procedimentos que propiciem a imediata interrupção da irregularidade”. Fabrício Oliveira, Diretor de Governança, Riscos e Compliance do Grupo Zelo.
“O compromisso contra a corrupção é diário e inegociável. Trabalhamos com o propósito de fortalecer a cultura de integridade no ambiente e comunidade em que vivemos e fomentamos o “agir com ética” “ser íntegro” em nossas relações, com o lema: fazer o certo, sempre dá certo”. Leonardo Frizeiro, Compliance Officer da Usiminas.
Caminhando para o encerramento do evento, o painel: “As Melhores Oportunidades no Crédito Privado” contou com moderação de Thiago Andrade, Diretor Financeiro da Aceprev e a participação de Gustavo Cortes, Ulisses Nehmi e Evandro Gambra Buccini.
“É inegável a importância estratégica dos investimentos no mercado de crédito privado. É fundamental aprofundar a discussão sobre a sinergia entre ativos e passivos para os fundos de pensão em conformidade com a Política de Investimentos das EFPCs”. Gustavo Cortes, Sócio e Gestor de Crédito da Vinci Partners.
“A possibilidade de cortes nos juros pode ser um incentivo para que investidores tenham maior apetite por risco no mercado de investimentos e possam ir além da segurança da renda fixa via títulos públicos. 2024 pode ser um ano muito bom para os fundos de crédito privado. No cenário atual e pela expectativa para o próximo ano, é o momento certo para investir nesses ativos”. Ulisses Nehmi, CEO da Sparta.
“Neste momento, empresas saudáveis e robustas serão capazes de atravessar as incertezas. O desafio do investidor ou alocador é exatamente saber identificar ou diferenciar estas empresas”. Evandro Gambra Buccini, Sócio e Diretor de Crédito e Renda Fixa da Rio Bravo.
Por fim, o painel: “Oportunidade no Segmento de Estruturados: Fundos de Participações e Multimercados” foi moderado por Cleiton Pires, Gerente de Planejamento e Pesquisa, da Néos Previdência e composto por Moysés Ferreira, Murillo Horta, Rodrigo Maranhão e Renato Abissamra.
“A continuidade do ciclo de queda da taxa de juros no Brasil faz com que os fundos de pensão passem a avaliar a diversificação dos portifólios diante de um cenário de menor atratividade da renda fixa”. Moysés Ferreira, Gestor de Estratégias de Juros Internacional e Crédito da Bahia Asset.
“A escolha da construção de portfólio realizada por meio de fundo de fundos integrados proporciona uma série de vantagens estratégicas e operacionais para o investidor”. Murillo Horta, Head de Investimentos da Signal Capital.
“Com a manutenção do corte da Selic em 2024 os modelos sugerem o incremento na alocação em fundo multimercados, pela possibilidade desses veículos de operar diversos mercados descorrelacionados”. Rodrigo Maranhão, Sócio e Gestor da Kadima Asset.
“Os multimercados têm o potencial de se aproveitar das incertezas da política monetária americana, da volatilidade causada nas bolsas globais e nos juros futuros”. Renato Abissamra, Sócio da Spectra Investments.
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